2006-06-30
Shock! Horror!
Shock! The US supreme court considers the Guantanamo military tribunals illegal and affirms the Geneva Conventions! Who would've known?
Horror! 3 out of 8 US supreme court justices disagree! And many senators can't wait to make it all legal...
Luckily most Americans are more reasonable and just than them. It is great to see excesses being checked and balanced in the democratic process.
Horror! 3 out of 8 US supreme court justices disagree! And many senators can't wait to make it all legal...
Luckily most Americans are more reasonable and just than them. It is great to see excesses being checked and balanced in the democratic process.
2006-06-22
Os Shahs do Fumo
Tento mais uma vez emergir da vida atarefada neste blog. Este ano tem sido o limite máximo do stress. Depois da Alife X, foi o lançamento ontem do FLAD Computational Biology Collaboratorium aqui em Oeiras. Pois é, cá estou em Portugal para a estadia longa do Verão.
Quero escrever soubre outras coisas, mas não consigo deixar de comentar um artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso da semana passada. Diz ele que a lei contra o tabaco que se avizinha para Portugal---que não é em nada diferente do que já está implementado em praticamente todo o Mundo ocidental---“persegue os fumadores, intenta castigá-los e pregar-lhes sermões de moral”, etc, etc. Ah, apelida ainda os ministros que haverão de aprovar esta lei de “Ayatollahs de província”!
Que maravilhoso este exagero! É um prazer responder a tal excesso reaccionário com fartura revolucionária---salvo seja.... A verdade, é que os ayatollahs, maoistas, estalinistas e outros assim, só aparecem em resposta à opressão de grupos decadentes que não se apercebem ou desdenham da realidade. Vistas as coisas do lado Zen, diria que cada Marie Antoinette é a genese da sua própria guilhotina.
No caso do tabaco, o despotismo tabagista da nossa cultura nunca mostrou um mínimo de respeito para com os não-fumadores, nem mesmo para aqueles que não se podem defender e que, cientificamente, mais sofrem com o hedonismo dos outros. Não vejo os fumadores (em geral) a deixarem de alimentar o seu hábito por se sentarem ao lado de um bébé ou mulher grávida num restaurante ou ambiente fechado. Não vejo o colega fumador a se importar com o colega asmático no gabinete de trabalho. Terá alguma vez Sousa Tavares escrito em defesa destes e outros? Dada a falta de auto-domínio e respeito mostrada pelos fumadores como um grupo, a ideia de livre opção entre zonas de fumadores e não-fumadores em locais públicos, soa um pouco (imitando o exagero de Sousa Tavares) como Marie Antoinette a querer dar bolo aos pobres.
Ora, basta fazer uma experiência para ver que o que digo não é exagero. Ontem tive o desprazer de passar várias horas no centro comercial Colombo a fazer compras para o baptizado dos meus filhos. Durante a meia hora em que me sentei na minúscula zona de não fumadores na zona dos restaurantes, contei 8 fumadores que ou se sentaram ou passaram a fumar nesta zona. Mais tarde, no corredor das lojas das crianças, onde também está uma zona de não fumadores a envolver o parque infantil, vários fumadores ignoraram completamente os sinais onde se pede para respeitar a zona infantil como zona sem tabaco. Para finalizar a noite, lá tive que discutir com uma "senhora" que entrou a fumar para o elevador onde eu estava com a minha filha de 3 anos. Fui apelidado de fundamentalista, claro. Obviamente, fumar num elevador fechado num local público será perfeitamente razoável; eu é que sou o Ayatollah. Com mentes tão razoáveis como estas, só vejo mesmo a opção da proibição total em locais públicos.
A realidade é que a classe opressora nunca aceita que o é. Por isso existe a revolução. Infelizmente, a revolução acarreta de facto uma perseguição moral contra os opressores. Provavelmente se o Sha da Pérsia se tivesse apercebido e controlado os seus excessos, não teria havido Khomeini. Não sei se ainda vão a tempo, mas se os os fumadores Portugueses não querem ter uma realidade de “tolerância zero” tipo California, o melhor é tentarem controlar o seu hábito e perceberem o quanto incomodam e danificam os não-fumadores (ver relatório sobre influência do fumo na saúde dos fumadores passivos feito pelo equivalente do Ministério da Saúde nos EUA). A arrogância de Sousa Tavares e dos fumadores que encontrei nas minhas compras não é com certeza a forma melhor de o fazer.
Quero escrever soubre outras coisas, mas não consigo deixar de comentar um artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso da semana passada. Diz ele que a lei contra o tabaco que se avizinha para Portugal---que não é em nada diferente do que já está implementado em praticamente todo o Mundo ocidental---“persegue os fumadores, intenta castigá-los e pregar-lhes sermões de moral”, etc, etc. Ah, apelida ainda os ministros que haverão de aprovar esta lei de “Ayatollahs de província”!
Que maravilhoso este exagero! É um prazer responder a tal excesso reaccionário com fartura revolucionária---salvo seja.... A verdade, é que os ayatollahs, maoistas, estalinistas e outros assim, só aparecem em resposta à opressão de grupos decadentes que não se apercebem ou desdenham da realidade. Vistas as coisas do lado Zen, diria que cada Marie Antoinette é a genese da sua própria guilhotina.
No caso do tabaco, o despotismo tabagista da nossa cultura nunca mostrou um mínimo de respeito para com os não-fumadores, nem mesmo para aqueles que não se podem defender e que, cientificamente, mais sofrem com o hedonismo dos outros. Não vejo os fumadores (em geral) a deixarem de alimentar o seu hábito por se sentarem ao lado de um bébé ou mulher grávida num restaurante ou ambiente fechado. Não vejo o colega fumador a se importar com o colega asmático no gabinete de trabalho. Terá alguma vez Sousa Tavares escrito em defesa destes e outros? Dada a falta de auto-domínio e respeito mostrada pelos fumadores como um grupo, a ideia de livre opção entre zonas de fumadores e não-fumadores em locais públicos, soa um pouco (imitando o exagero de Sousa Tavares) como Marie Antoinette a querer dar bolo aos pobres.
Ora, basta fazer uma experiência para ver que o que digo não é exagero. Ontem tive o desprazer de passar várias horas no centro comercial Colombo a fazer compras para o baptizado dos meus filhos. Durante a meia hora em que me sentei na minúscula zona de não fumadores na zona dos restaurantes, contei 8 fumadores que ou se sentaram ou passaram a fumar nesta zona. Mais tarde, no corredor das lojas das crianças, onde também está uma zona de não fumadores a envolver o parque infantil, vários fumadores ignoraram completamente os sinais onde se pede para respeitar a zona infantil como zona sem tabaco. Para finalizar a noite, lá tive que discutir com uma "senhora" que entrou a fumar para o elevador onde eu estava com a minha filha de 3 anos. Fui apelidado de fundamentalista, claro. Obviamente, fumar num elevador fechado num local público será perfeitamente razoável; eu é que sou o Ayatollah. Com mentes tão razoáveis como estas, só vejo mesmo a opção da proibição total em locais públicos.
A realidade é que a classe opressora nunca aceita que o é. Por isso existe a revolução. Infelizmente, a revolução acarreta de facto uma perseguição moral contra os opressores. Provavelmente se o Sha da Pérsia se tivesse apercebido e controlado os seus excessos, não teria havido Khomeini. Não sei se ainda vão a tempo, mas se os os fumadores Portugueses não querem ter uma realidade de “tolerância zero” tipo California, o melhor é tentarem controlar o seu hábito e perceberem o quanto incomodam e danificam os não-fumadores (ver relatório sobre influência do fumo na saúde dos fumadores passivos feito pelo equivalente do Ministério da Saúde nos EUA). A arrogância de Sousa Tavares e dos fumadores que encontrei nas minhas compras não é com certeza a forma melhor de o fazer.