2006-06-22
Os Shahs do Fumo
Tento mais uma vez emergir da vida atarefada neste blog. Este ano tem sido o limite máximo do stress. Depois da Alife X, foi o lançamento ontem do FLAD Computational Biology Collaboratorium aqui em Oeiras. Pois é, cá estou em Portugal para a estadia longa do Verão.
Quero escrever soubre outras coisas, mas não consigo deixar de comentar um artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso da semana passada. Diz ele que a lei contra o tabaco que se avizinha para Portugal---que não é em nada diferente do que já está implementado em praticamente todo o Mundo ocidental---“persegue os fumadores, intenta castigá-los e pregar-lhes sermões de moral”, etc, etc. Ah, apelida ainda os ministros que haverão de aprovar esta lei de “Ayatollahs de província”!
Que maravilhoso este exagero! É um prazer responder a tal excesso reaccionário com fartura revolucionária---salvo seja.... A verdade, é que os ayatollahs, maoistas, estalinistas e outros assim, só aparecem em resposta à opressão de grupos decadentes que não se apercebem ou desdenham da realidade. Vistas as coisas do lado Zen, diria que cada Marie Antoinette é a genese da sua própria guilhotina.
No caso do tabaco, o despotismo tabagista da nossa cultura nunca mostrou um mínimo de respeito para com os não-fumadores, nem mesmo para aqueles que não se podem defender e que, cientificamente, mais sofrem com o hedonismo dos outros. Não vejo os fumadores (em geral) a deixarem de alimentar o seu hábito por se sentarem ao lado de um bébé ou mulher grávida num restaurante ou ambiente fechado. Não vejo o colega fumador a se importar com o colega asmático no gabinete de trabalho. Terá alguma vez Sousa Tavares escrito em defesa destes e outros? Dada a falta de auto-domínio e respeito mostrada pelos fumadores como um grupo, a ideia de livre opção entre zonas de fumadores e não-fumadores em locais públicos, soa um pouco (imitando o exagero de Sousa Tavares) como Marie Antoinette a querer dar bolo aos pobres.
Ora, basta fazer uma experiência para ver que o que digo não é exagero. Ontem tive o desprazer de passar várias horas no centro comercial Colombo a fazer compras para o baptizado dos meus filhos. Durante a meia hora em que me sentei na minúscula zona de não fumadores na zona dos restaurantes, contei 8 fumadores que ou se sentaram ou passaram a fumar nesta zona. Mais tarde, no corredor das lojas das crianças, onde também está uma zona de não fumadores a envolver o parque infantil, vários fumadores ignoraram completamente os sinais onde se pede para respeitar a zona infantil como zona sem tabaco. Para finalizar a noite, lá tive que discutir com uma "senhora" que entrou a fumar para o elevador onde eu estava com a minha filha de 3 anos. Fui apelidado de fundamentalista, claro. Obviamente, fumar num elevador fechado num local público será perfeitamente razoável; eu é que sou o Ayatollah. Com mentes tão razoáveis como estas, só vejo mesmo a opção da proibição total em locais públicos.
A realidade é que a classe opressora nunca aceita que o é. Por isso existe a revolução. Infelizmente, a revolução acarreta de facto uma perseguição moral contra os opressores. Provavelmente se o Sha da Pérsia se tivesse apercebido e controlado os seus excessos, não teria havido Khomeini. Não sei se ainda vão a tempo, mas se os os fumadores Portugueses não querem ter uma realidade de “tolerância zero” tipo California, o melhor é tentarem controlar o seu hábito e perceberem o quanto incomodam e danificam os não-fumadores (ver relatório sobre influência do fumo na saúde dos fumadores passivos feito pelo equivalente do Ministério da Saúde nos EUA). A arrogância de Sousa Tavares e dos fumadores que encontrei nas minhas compras não é com certeza a forma melhor de o fazer.
Quero escrever soubre outras coisas, mas não consigo deixar de comentar um artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso da semana passada. Diz ele que a lei contra o tabaco que se avizinha para Portugal---que não é em nada diferente do que já está implementado em praticamente todo o Mundo ocidental---“persegue os fumadores, intenta castigá-los e pregar-lhes sermões de moral”, etc, etc. Ah, apelida ainda os ministros que haverão de aprovar esta lei de “Ayatollahs de província”!
Que maravilhoso este exagero! É um prazer responder a tal excesso reaccionário com fartura revolucionária---salvo seja.... A verdade, é que os ayatollahs, maoistas, estalinistas e outros assim, só aparecem em resposta à opressão de grupos decadentes que não se apercebem ou desdenham da realidade. Vistas as coisas do lado Zen, diria que cada Marie Antoinette é a genese da sua própria guilhotina.
No caso do tabaco, o despotismo tabagista da nossa cultura nunca mostrou um mínimo de respeito para com os não-fumadores, nem mesmo para aqueles que não se podem defender e que, cientificamente, mais sofrem com o hedonismo dos outros. Não vejo os fumadores (em geral) a deixarem de alimentar o seu hábito por se sentarem ao lado de um bébé ou mulher grávida num restaurante ou ambiente fechado. Não vejo o colega fumador a se importar com o colega asmático no gabinete de trabalho. Terá alguma vez Sousa Tavares escrito em defesa destes e outros? Dada a falta de auto-domínio e respeito mostrada pelos fumadores como um grupo, a ideia de livre opção entre zonas de fumadores e não-fumadores em locais públicos, soa um pouco (imitando o exagero de Sousa Tavares) como Marie Antoinette a querer dar bolo aos pobres.
Ora, basta fazer uma experiência para ver que o que digo não é exagero. Ontem tive o desprazer de passar várias horas no centro comercial Colombo a fazer compras para o baptizado dos meus filhos. Durante a meia hora em que me sentei na minúscula zona de não fumadores na zona dos restaurantes, contei 8 fumadores que ou se sentaram ou passaram a fumar nesta zona. Mais tarde, no corredor das lojas das crianças, onde também está uma zona de não fumadores a envolver o parque infantil, vários fumadores ignoraram completamente os sinais onde se pede para respeitar a zona infantil como zona sem tabaco. Para finalizar a noite, lá tive que discutir com uma "senhora" que entrou a fumar para o elevador onde eu estava com a minha filha de 3 anos. Fui apelidado de fundamentalista, claro. Obviamente, fumar num elevador fechado num local público será perfeitamente razoável; eu é que sou o Ayatollah. Com mentes tão razoáveis como estas, só vejo mesmo a opção da proibição total em locais públicos.
A realidade é que a classe opressora nunca aceita que o é. Por isso existe a revolução. Infelizmente, a revolução acarreta de facto uma perseguição moral contra os opressores. Provavelmente se o Sha da Pérsia se tivesse apercebido e controlado os seus excessos, não teria havido Khomeini. Não sei se ainda vão a tempo, mas se os os fumadores Portugueses não querem ter uma realidade de “tolerância zero” tipo California, o melhor é tentarem controlar o seu hábito e perceberem o quanto incomodam e danificam os não-fumadores (ver relatório sobre influência do fumo na saúde dos fumadores passivos feito pelo equivalente do Ministério da Saúde nos EUA). A arrogância de Sousa Tavares e dos fumadores que encontrei nas minhas compras não é com certeza a forma melhor de o fazer.
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Enquanto o governo não ata nem desata aqui vai uma ajuda para quem se incomoda com o fumo:
http://no-smokezone.planetaclix.pt
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