2006-12-04
Carismáticos e Carnaval
Diz a voz que “o sexo e as drogas permanecerão sempre como meros aperitivos”. Obrigado por me explicar o que o Ted Haggard andava a fazer! Não há dúvida que sem o pentecostalismo não haveriam todas essas “grandes vitórias” das várias guerras Americanas que levam todo o Mundo ocidental por atacado: a guerra às drogas, a guerra aos costumes, a guerra ao terrorismo. Que diabo, sem os pentecostais não haveria guerra contra nós próprios! Que chato seria o Mundo sem um pouco de auto-ódio.
Pena é que os forças seculares não percebam que no fundo todas as organizações que seguem a bitola da política de identidade (race, women, gay-rights) são uma resposta aos ódios criados por pentecostais e afins. Quanto mais esses grupos se auto-determinam em resposta a este ódio, mais o alimentam (que o diga o Karl Rove). A melhor resposta a estes carismáticos do ódio e da guerra a tudo, seria ignorar as etiquetas que eles criam e assumir uma humanidade partilhada por todos. A liberdade individual não vem de um grupo especial a que nos fazemos pertencer, vem simplesmente de sermos humanos.
Por ter visto pessoalmente o ódio e auto-ódio inerente ao tal estase pentecostal de que fala a voz, é que digo que a melhor resposta, a resposta Zen a esses Jesus-freaks, é um carnaval mulato. Mulato em todos sentidos: mistura de raça, sexo, deuses e culturas. Um carnaval em que o extâse junta em vez de individualizar. O Caetano Veloso muito mais eloquentemente o cantará em o herói. Por mim, fico-me com a Macy Gray: share your freak with the rest of us, baby!
O Herói - Caetano Veloso (mp3)
Nasci num lugar que virou favela
cresci num lugar que já era
mas cresci a vera
fiquei gigante, valente, inteligente
por um triz não sou bandido
sempre quis tudo o que desmente esse país
encardido
descobri cedo que o caminho
não era subir num pódio mundial
e virar um rico olímpico e sozinho
mas fomentar aqui o ódio racial
a separação nítida entre as raças
um olho na bíblia, outro na pistola
encher os corações e encher as praças
com meu guevara e minha coca-cola
não quero jogar bola pra esses ratos
já fui mulato, eu sou uma legião de ex mulatos
quero ser negro 100%, americano,
sul-africano, tudo menos o santo
que a brisa do brasil briga e balança
e no entanto, durante a dança
depois do fim do medo e da esperança
depois de arrebanhar o marginal, a puta
o evangélico e o policial
vi que o meu desenho de mim
é tal e qual
o personagem pra quem eu cria que sempre
olharia
com desdém total
mas não é assim comigo.
é como em plena glória espiritual
que digo:
eu sou o homem cordial
que vim para instaurar a democracia racial
eu sou o homem cordial
que vim para afirmar a democracia racial
eu sou o herói
só deus e eu sabemos como dói
Pena é que os forças seculares não percebam que no fundo todas as organizações que seguem a bitola da política de identidade (race, women, gay-rights) são uma resposta aos ódios criados por pentecostais e afins. Quanto mais esses grupos se auto-determinam em resposta a este ódio, mais o alimentam (que o diga o Karl Rove). A melhor resposta a estes carismáticos do ódio e da guerra a tudo, seria ignorar as etiquetas que eles criam e assumir uma humanidade partilhada por todos. A liberdade individual não vem de um grupo especial a que nos fazemos pertencer, vem simplesmente de sermos humanos.
Por ter visto pessoalmente o ódio e auto-ódio inerente ao tal estase pentecostal de que fala a voz, é que digo que a melhor resposta, a resposta Zen a esses Jesus-freaks, é um carnaval mulato. Mulato em todos sentidos: mistura de raça, sexo, deuses e culturas. Um carnaval em que o extâse junta em vez de individualizar. O Caetano Veloso muito mais eloquentemente o cantará em o herói. Por mim, fico-me com a Macy Gray: share your freak with the rest of us, baby!
O Herói - Caetano Veloso (mp3)
Nasci num lugar que virou favela
cresci num lugar que já era
mas cresci a vera
fiquei gigante, valente, inteligente
por um triz não sou bandido
sempre quis tudo o que desmente esse país
encardido
descobri cedo que o caminho
não era subir num pódio mundial
e virar um rico olímpico e sozinho
mas fomentar aqui o ódio racial
a separação nítida entre as raças
um olho na bíblia, outro na pistola
encher os corações e encher as praças
com meu guevara e minha coca-cola
não quero jogar bola pra esses ratos
já fui mulato, eu sou uma legião de ex mulatos
quero ser negro 100%, americano,
sul-africano, tudo menos o santo
que a brisa do brasil briga e balança
e no entanto, durante a dança
depois do fim do medo e da esperança
depois de arrebanhar o marginal, a puta
o evangélico e o policial
vi que o meu desenho de mim
é tal e qual
o personagem pra quem eu cria que sempre
olharia
com desdém total
mas não é assim comigo.
é como em plena glória espiritual
que digo:
eu sou o homem cordial
que vim para instaurar a democracia racial
eu sou o homem cordial
que vim para afirmar a democracia racial
eu sou o herói
só deus e eu sabemos como dói
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