2007-05-11
O valor do populismo mediático
José Miguel Júdice terá razão quando realça a falta de atenção dada a Darfur, em especial às suas crianças. Mas está completamente errado quando diz que a atenção da comunicação social no caso do desaparecimento de Madeleine McCann é "profundamente nefasta". Antes pelo contrário, estou convencido que os raptores devem estar completamente surpreendidos com tamanha reacção e que se soubessem que este seria o resultado não a teriam raptado. De facto, dado que aparentemente raptos como estes acontecem em Portugal muito mais frequentemente (e daí algo mais estatisticamente significativos do que Júdice dá a entender) sem ser de todo publicitados (nem mesmo no site da PJ), o incentivo a cometer estes actos em Portugal será quanto maior quanto menor for a atenção da comunicação social---e a resultante reacção popular. Por isso, venha ela com toda a força! É pena que a polícia Portuguesa ainda não tenha aprendido a usar a comunicação social para seu benefício---afinal, o nosso actual governo é bem profissional nessa arena... Isto sem menosprezar de forma alguma o empenhamento pessoal de toda a força policial Portuguesa que tem sido espectacular. Mas o seu modus operandi tem que ser melhor pensado num contexto tanto de crime como de comunicação social global.
Já agora, pensando nos incentivos que cada sociedade dá a raptos de crianças e à pedofilia, a nossa sociedade com a sua demonstrada falta de capacidade de justiça nesta área, bem como uma polícia e elite intelectual relutantes a deixar estes casos serem divulgados rapidamente, com impacto máximo, na sociedade de informação actual, dá precisamente os incentivos ao contrário.
Nestes casos de abusos a crianças, toda a publicidade é pouca e toda a justiça tarda e é fraca demais. É uma das poucas coisas que levanta o meu lado mais populista, mais Antigo Testamento, mais Correio da Manhã, mais Sun, mais TVI que tenho. Aliás, apesar de ser contra a pena de morte institucional, nada me dá maior vontade de me tornar no pior vigilante justiceiro, implacável e vingativo possível. Não tenho dúvidas de que se algo desta natureza me tocasse pessoalmente, não faria eu outra coisa.
Já agora, pensando nos incentivos que cada sociedade dá a raptos de crianças e à pedofilia, a nossa sociedade com a sua demonstrada falta de capacidade de justiça nesta área, bem como uma polícia e elite intelectual relutantes a deixar estes casos serem divulgados rapidamente, com impacto máximo, na sociedade de informação actual, dá precisamente os incentivos ao contrário.
Nestes casos de abusos a crianças, toda a publicidade é pouca e toda a justiça tarda e é fraca demais. É uma das poucas coisas que levanta o meu lado mais populista, mais Antigo Testamento, mais Correio da Manhã, mais Sun, mais TVI que tenho. Aliás, apesar de ser contra a pena de morte institucional, nada me dá maior vontade de me tornar no pior vigilante justiceiro, implacável e vingativo possível. Não tenho dúvidas de que se algo desta natureza me tocasse pessoalmente, não faria eu outra coisa.
Labels: justiça, media, populismo
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