2006-01-31

 

Estado do Império

Meu grande MacGuffin, explica-me lá uma coisa: então a guerra do Iraque não era suposto espalhar democracia e liberdade pelo Médio Oriente? Será que esse plano, tão bem "pensado" pela trupe de gangsters, oops, neocons em queda livre por aqui, incluía a eleição democrática do Hamas? (Addedum: e a sondagem da WPO que mostra que metade dos iraquianos está a favor de ataques contra soldados americanos, incluindo 9 em cada 10 Sunnis -- então onde está a gratidão por serem libertados? "Who on earth could predict the inevitable?" diz a Maureen Dowd)

O Zen apropriado para isto seria: Evil in, Evil out. Com isto quero dizer que quanto mais projectamos nos outros certos atributos, mais eles nisso se tornam. Ou como disse Elbert Hubbard: “We awaken in others the same attitude of mind we hold in them.” Era um homém muito interessante este Hubbard... Quando penso no discurso de Estado Da Nação logo à noite da sede do Império, mais coisas do Hubbard vêm à cabeça:

"Men are not punished for their sins, but by them."

"Genius may have its limitations, but stupidity is not thus handicapped."

Elbert Hubbard



2006-01-27

 

Shock the Monkey

So the Brits are not very far from the Americans on Evolution, umm? It would be great if this could humble, just a little bit, the European scientists who think this sort of thing can only happen over here. It has always been my suspicion that if Europeans polled their people as much as Americans do, we would find very similar attitudes. Even on questions such as death penalty -- if questions are posed in the same way.

It is after all essentially the same culture. It is only that the European elites are in greater denial about the rational foundations of their societies. OK, so in the US when I turn the TV on, I can easily stumble on the evangelical lunacy of Jack van Impe, but when in Portugal I can also easily stumble upon some straight-faced reporter from a Women's channel interviewing a "para-scientist" about the "energy fields" of higher-dimensional entities at play in the latest new-age "theory" of impending global consciousness evolution. In the end, everybody prefers Big Brother to David Attenborough.



P.S. BTW: Between the Satan-driven God of Van Impe & Co. and the utopian Gaian supra-consciousness of the followers of Kryon, I'd gladly choose the latter. Maybe it was too much time in Santa Fe, but having my chakras aligned by peace-loving, eco/cosmic/feminist masseurs is much more appealing than being raptured into heaven with Tim Lahaye and Jack Van Impe...

2006-01-26

 

Destroy the Web

Netdisaster ? Destroy the web!

This one is phenomenal! I had a great time destroying cnn.com and my web page!

I got this one from the innovative section at Finds of the year 2005 via ContraFactos & Argumentos. All the sites under "innovative" are very cool, as are the "weird and wonderful", try to barcode yourself!

I also had a great time punching George Galloway (I am redeeming myself zero!). Well, I did punch Bush too...

2006-01-24

 

Pátria

Pois estou de volta, de preto, como escrevi em baixo em Inglês. No ano passado desapareci quando se descobriu que o meu Pai tinha metástases no fígado. Além das várias viagens a Portugal para estar com ele, simplesmente fiquei sem vontade de escrever. Fiquei sem vontade de fazer qualquer coisa que não fosse directamente ligada à família mais próxima. O meu Pai acabou por falecer no último dia de Novembro, comigo neste outro lado do Atlântico. Soube no momento em que lhe telefonei, como habitualmente, e o seu telemóvel estava desligado . Nunca a distância planetária me pareceu tão intransponível.

Tínhamos falado no dia anterior; falámos do Natal e da nossa viagem a Lisboa daí a poucos dias. Ele só queria sair do hospital para nos ver a todos em casa: mulher, filhos e netos. A última vez que o vi foi em Outubro, no Hospital Pulido Valente, quando ele me falou da sua experiência já de muitos anos nesse hospital (à qual voltarei muito em breve). Entre Outubro e Novembro, pelo telefone e já raramente pela Internet, não me apercebi inteiramente, ou recusei aperceber-me, da sua deterioração física. Ele manteve sempre uma postura optimista comigo ao telefone, como aliás pela vida fora. Assombram-me as suas últimas semanas; o que terá pensado e passado. Revejo agora a lucidez que tinha da sua própria decadência física no Adriano tão perfeitamente ficcionalizado por Yourcenar em Memórias.





Devo toda a segurança que tenho no que faço ao meu Pai (assim como devo a vontade de alcançar à minha Mãe, e a lealdade a ambos e ao meu irmão). Em todas as aventuras, em todas as decisões ousadas, nas mudanças de direcção, na doença, no sucesso e no insucesso, ele sempre lá esteve como uma subtil mas inquebrável rede de segurança. A vida sem esta rede, mais do que difícil, acarreta um tipo de solidão que nunca antes senti.

Quem preza a independência acima de todos os outros valores, não percebe a segurança que é uma Pátria privada. Não é um valor moral, nacional, ou económico – nem sequer é um valor. É um sentimento de segurança e pertença que não carece de contexto ou atributo condicional. Um Avalon portátil.

Esta Pátria está agora algo, como dizer, desabraçada... Sem suporte. Mas há memória no sistema. Muitas coisas fazem mais sentido agora, outras tocam-nos inesperadamente. Imagino agora de forma mais real o que o meu Pai passou com a morte de seu Pai exactamente há 30 anos, no mesmo ano em que perdeu emprego, casa, status, dinheiro, comunidade e raízes em Angola. Tocam-me coisas inesperadas como os cheiros tropicais, ou a confiança que os meus filhos põe em mim nas ondas das praias, ou a igreja do Espírito Santo, com o seu cemitério cheio de nomes Portugueses, no sopé do vulcão Haleakala em Maui. Esta é a Pátria que me faz sentido; espero poder passá-la aos meus filhos.



Uma das últimas fotos tiradas pelo meu Pai: o seu Spot, o meu filho e eu, tirando uma foto com a Canon que ele me deu há mais de 20 anos (Algarve, Junho 2005).


Muitas outras coisas devo ao meu Pai, claro – como a curiosidade intelectual e gosto pela argumentação. Outros atributos gostaria de ter herdado ou aprendido: a estoicidade e a fácil aceitação das falhas dos outros. Com a idade, talvez lá chegue.

Quero também referir o sentimento positivo, dentro das circunstâncias, que foi sentido no velório e funeral. Tantas pessoas inesperadamente apareceram, simplesmente por gostarem do homem, sem se moverem por qualquer imposição ou incentivo social: alunos, colegas, vizinhos. Lembraram-me do meu Pai campeão nacional de basketball pelo I.S.T., os seus prémios no aeromodelismo, campeão nacional de Bridge, feroz jogador de Xadrez, etc., etc. Acima de tudo lembraram-me a quantos ele tocou. A todos muito, muito obrigado.


José Luis da Silva Rocha
(1936-2005)

2006-01-20

 

Arlington

Greetings from the heart of the military-industrial complex. How appropriate to go to bed with a new release by bin laden, watching the horrendous Nancy Grace scare the crap out of everybody with the latest sick murder, and reading this month's James Walcott on Vanity Fair: "through a lens, darkly".

I do love DC and its Imperial landscape. Its vibe and Walcott's article made me think that Eisenhower may have been the last great American President: "God help this country when someone sits at this desk who doesn't know as much about the military as I do".



2006-01-19

 

Banda sonora para domingo

Desta vez não estou nada triste por não estar em Portugal para votar este fim de semana.

Obrigado Achtung pela coboiada noir! Conseguir fazer rir da nossa desgraça colectiva é um grande serviço para a comunidade -- umbiguismo completamente merecido.

No espírito noir, aqui vai esta mix por Arne Weinberg: que joia que é o Darkness do Carl Craig -- perfeito para Domingo.



P.S. Digo desgraça porque venha o Diabo e escolha...

2006-01-17

 

This is why I pay for satellite TV and Broadband...

Mathews Spin

Blitzer Spin

Cenk Uygur tells it like it is.

2006-01-16

 

Ben Ratliff and the Myth of the Authentic (Nobel) Musician

Ben Ratliff, blah, blah, blahs about Slacker Divas... I am so bored with rockists who always assume that an artist's best work is the one that strips itself off unessencial production layers and aesthetic posture. They assume that behind every good popular musician there is a noble savage waiting to strip down to a simple truth about themselves and their art -- which in rockish means a (preferably acoustic) band with bass, guitar and very subdued drums (possibly just a tambourine!). But as the highest divinity of popular music often says: authenticity is so overrated in music and art. Why should we care about the inner turmoil of slacker divas? Isn't it much more interesting to creatively explore fictional scenarios and different aesthetic soundscapes? Did Ziggy Sturdust move us any less because he was fictional? Did Bowie excite us less with Glam than any angry folk chick screaming her confused pain out?

My mind moves to the Eurythmics now: why is the live acoustic rendition of their early 80's catalog, the pose that dear old Annie and Dave so enjoy to put on for their adoring amnesty international/save the whales/green peace fans, any more authentic than the original electronic versions? It is not! The art (dare I say authenticity) behind "Sweet Dreams (are made of this)" is so much more impressive in the original electronic version (built up from the immensely fun Casio VL-Tone 1), than with the acoustic posturing of latter day Eurythmics Stadium (charity, ooops, solidarity) Rock. I am glad to see that they finally seem to agree with that too... (see the video for I've got a life on their web site)

Stripped down albums, from slacker divas or not, can entail as much of a pose as Cher re-packaged as a House diva. They can also simply entail lack of imagination (as in Simply Red's "Simplified"). Spare us the unplugged superiority, and plug us into some seriously exciting music instead. Hey, whoever said that Zen is barebone simplicity, has never visited this city! I'm back, in black, but ready for the laughing gas needed to play my Atlantic Ping Pong -- Yo!



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