2010-02-16
Cara de Pau
Por mais que a promiscuidade entre o público e o privado se torne normal nas democracias capitalistas actuais, não consigo aceitar a forma como em Portugal nem se quer se tentam esconder estas coisas. Nos EUA sabemos que muitas das altas patentes militares giram numa "revolving door" entre o Pentágono e as companhias de materiais bélicos ou de suporte militar que contracta.
Mas ainda assim ninguém nos EUA assume este desplante tão casualmente em entrevistas como em Portugal se faz. A entrevista de Carlos Monjardino ao Expresso de 6 de Fevereiro de 2010 é realmente fantástica. Resumindo: Monjardino, como autoridade responsável por regular o Jogo em Macau no final da gestão Portuguesa do território, esteve envolvido em dar o monopólio de jogo a Stanley Ho numa concessão sem concurso público, e depois acabou em Portugal a dirigir muitos dos interesses económicos do magnata do jogo Macaense. Mas na entrevista tudo isto é apresentado como perfeitamente normal: que a autoridade reguladora acabe na cama com o interesse comercial que é suposto regular. Nem vale a pena entrar na lógica furada que é apresentada como desculpa de não ter havido um concurso público para a concessão do jogo---lógica que a China obviamente não seguiu deixando imediatamente outras empresas de jogo entrar em Macau após a saída de Portugal, com grandes benefícios fiscais para a região.
O que choca não é tanto que estas coisas aconteçam, mas antes a cara de pau desta cultura de total permeabilidade entre interesses comerciais e os seus supostos reguladores governamentais (cuja responsabilidade moral, escusado será dizer, deveria ser defender os interesses dos contribuintes e não os seus próprios). O Miguel Sousa Tavares está mais uma vez correcto quando fala da "promiscuidade absoluta entre o público e o privado". (Aliás um grande artigo do MST sobre muitos outros angulos).
Mas ainda assim ninguém nos EUA assume este desplante tão casualmente em entrevistas como em Portugal se faz. A entrevista de Carlos Monjardino ao Expresso de 6 de Fevereiro de 2010 é realmente fantástica. Resumindo: Monjardino, como autoridade responsável por regular o Jogo em Macau no final da gestão Portuguesa do território, esteve envolvido em dar o monopólio de jogo a Stanley Ho numa concessão sem concurso público, e depois acabou em Portugal a dirigir muitos dos interesses económicos do magnata do jogo Macaense. Mas na entrevista tudo isto é apresentado como perfeitamente normal: que a autoridade reguladora acabe na cama com o interesse comercial que é suposto regular. Nem vale a pena entrar na lógica furada que é apresentada como desculpa de não ter havido um concurso público para a concessão do jogo---lógica que a China obviamente não seguiu deixando imediatamente outras empresas de jogo entrar em Macau após a saída de Portugal, com grandes benefícios fiscais para a região.
O que choca não é tanto que estas coisas aconteçam, mas antes a cara de pau desta cultura de total permeabilidade entre interesses comerciais e os seus supostos reguladores governamentais (cuja responsabilidade moral, escusado será dizer, deveria ser defender os interesses dos contribuintes e não os seus próprios). O Miguel Sousa Tavares está mais uma vez correcto quando fala da "promiscuidade absoluta entre o público e o privado". (Aliás um grande artigo do MST sobre muitos outros angulos).
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Labels: Portugal
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