2013-05-22
Esquerda boutique
A propósito da última de Daniel Oliveira com a qual concordo inteiramente, e dos comentários da esquerda boutique dos 5 dias referentes ao garoto e à doutora do video em baixo. Os salários miseráveis são um problema muito grande, mas não tinham nada a ver com o assunto de que o garoto falava. O que a Raquel Varela fez foi um típico bota-abaixo académico, daqueles que levam pessoas como Steve Jobs e Bill Gates a não acabar os estudos universitários. Se um dia as roupas do garoto tiverem muito sucesso, então seria legítimo pessoas perguntarem-lhe sobre as suas responsabilidades sociais; até lá, se calhar era melhor a Raquel Varela & Co. verem bem onde as coisas que compram são feitas e fazer activismo com quem vale a pena fazer.
Já agora, pela apresentação da Prof. Raquel Varela, não me parece que as suas roupas, joias e maquilhagem sejam de alguma loja de comércio justo, já para não falar da probabilidade de ter um iPhone, ou iPad, ou etc... Aliás, o blog da doutora & Co. funciona sobre uma quantidade de maquinaria informática, muita da qual é feita numa rede de comércio nada justo. Se aplicarem o mesmo raciocínio, ela e a sua companhia têm a responsabilidade social de pensar nisso e não usar estes recursos, usando apenas coisas produzidas com salários dignos, sem imigração, etc.
Acho muito bem fazer activismo por comercio justo e salários dignos, simplesmente não tem nada a ver com o empreendedorismo. Quem quer ser empreendedor, tem que competir com a realidade. De uma forma ortogonal a isto, as sociedades ocidentais têm que fazer algo por manter salários dignos. Mas deitar abaixo o garoto deste angulo foi muito baixo—é mesmo o que se chama “falar de cátedra”.
Addendum, 24 de Maio, 2013. Em resposta a António Paço, ver comentários no seu blog.
Caro António Paço,
Agora você está mesmo a ser desonesto intelectualmente nos seus argumentos. Tanto eu (em resposta que não publicou) como “edviges” falamos dos materiais que você e a Raquel usam para a vossa produção intelectual. Isto é, o vosso trabalho, de onde derivam os vossos lucros. Os computadores, e todos os materiais que entram nessa produção são tão imputáveis do ponto de vista da consciência social como os do garoto.
Fora disso, também a argumentação poderá ser legitimamente extendida aos produtos da sua vida pessoal, tipo os sapatos que menciona com escárnio, simplesmente argumentando que se a exploração laboral é tanto do seu interesse (suficiente para atacar um garoto de 16 anos na televisão nacional e neste blog) então deveria dar atenção a esse assunto em todas as suas escolhas—qualquer compra é uma escolha.
Mas o assunto mais directo é, óbviamente, o paralelo entre a linha de produção do garoto, e a vossa linha de produção. Aparentemente, não é só o comportamento feio de atacar um jovem de 16 anos em público que deixa muito a desejar; a lógica não abunda nesta “loony left”.
Já agora, pela apresentação da Prof. Raquel Varela, não me parece que as suas roupas, joias e maquilhagem sejam de alguma loja de comércio justo, já para não falar da probabilidade de ter um iPhone, ou iPad, ou etc... Aliás, o blog da doutora & Co. funciona sobre uma quantidade de maquinaria informática, muita da qual é feita numa rede de comércio nada justo. Se aplicarem o mesmo raciocínio, ela e a sua companhia têm a responsabilidade social de pensar nisso e não usar estes recursos, usando apenas coisas produzidas com salários dignos, sem imigração, etc.
Acho muito bem fazer activismo por comercio justo e salários dignos, simplesmente não tem nada a ver com o empreendedorismo. Quem quer ser empreendedor, tem que competir com a realidade. De uma forma ortogonal a isto, as sociedades ocidentais têm que fazer algo por manter salários dignos. Mas deitar abaixo o garoto deste angulo foi muito baixo—é mesmo o que se chama “falar de cátedra”.
Addendum, 24 de Maio, 2013. Em resposta a António Paço, ver comentários no seu blog.
Caro António Paço,
Agora você está mesmo a ser desonesto intelectualmente nos seus argumentos. Tanto eu (em resposta que não publicou) como “edviges” falamos dos materiais que você e a Raquel usam para a vossa produção intelectual. Isto é, o vosso trabalho, de onde derivam os vossos lucros. Os computadores, e todos os materiais que entram nessa produção são tão imputáveis do ponto de vista da consciência social como os do garoto.
Fora disso, também a argumentação poderá ser legitimamente extendida aos produtos da sua vida pessoal, tipo os sapatos que menciona com escárnio, simplesmente argumentando que se a exploração laboral é tanto do seu interesse (suficiente para atacar um garoto de 16 anos na televisão nacional e neste blog) então deveria dar atenção a esse assunto em todas as suas escolhas—qualquer compra é uma escolha.
Mas o assunto mais directo é, óbviamente, o paralelo entre a linha de produção do garoto, e a vossa linha de produção. Aparentemente, não é só o comportamento feio de atacar um jovem de 16 anos em público que deixa muito a desejar; a lógica não abunda nesta “loony left”.
Labels: empreendedorismo, esquerda, Portugal
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