2014-05-17
Stretch Genes
Thank you to Thiago Carvalho for pointing me to this great review by H. Allen Orr. So much of this debate happens, in my view, because people do not realize the obvious fact that culture is encoded in the language and norms of people, especially when we speak of civilizations with written language. Obviously, written norms can be stronger than genetic encodings for social behavior (the Korean example that Orr so well describes in this piece). While it is very easy to raise a child from a different genetic background to behave according to norms the society where she is raised adheres to (e.g. adopted and children of immigrants), it is much more difficult to transplant cultural norms and institutions from one society to another (e.g. exporting liberal democracy), therefore genetic behavior is much less a cause of societal dispositions than cultural encodings. As Orr says:
"If culture can so easily overwhelm genes—and Wade sometimes seems to concede that it can—why should we care about such pliant genetic predispositions, even if they were real?"
Full book review @ The New York Review of Books
"If culture can so easily overwhelm genes—and Wade sometimes seems to concede that it can—why should we care about such pliant genetic predispositions, even if they were real?"
Full book review @ The New York Review of Books
Labels: culture, evolution, race, science
2009-04-07
O bem chamado e o despartilhado, or why this town ain't big enough for both of us
Para se viver entre dois continentes é necessário saber sorrir (à maneira de uma criança nua, como na letra de António em cima). Se é verdade que nosso nome só em Portugal é bem chamado, e lá fora deturpado, também é verdade que é em Portugal que a expressão total da nossa identidade é espartilhada. Uma das pessoas que mais admiro pela capacidade de viver nesta identidade em estéreo que é a L(USA)andia é o meu caro Onésimo Teotónio Almeida---ver, por exemplo, Livro-me do Desassossego.
Recentemente, estava eu num jantar em Lisboa, muito agradável especialmente por ter o Onésimo sentado a meu lado, onde estava também uma individualidade política que comentava como o Onésimo tinha já um sotaque americanizado... Quem vive fora como nós recebe frequentemente esse juízo (ou preconceito) quando aterra em Lisboa. Não adianta explicar, como no caso do Onésimo, que o sotaque é na realidade Açoriano, ou que ele o consegue manipular de uma forma absolutamente brilhante (é um prazer ouvi-lo na sua versão Brasileira). Não, em Lisboa há apenas um único sotaque aceitável: o de Lisboa. Tudo o resto é Estrangeiro. Aliás quantas vezes oiço na rádio Portuguesa (na última vez num podcast da Prova Oral) como as pessoas odeiam ler em Português do Brasil ou não gostam do sotaque de Angola ou do Minho. Enfim, é preciso estar fora para perceber que tudo isso são ninharias e que ser Português é muito maior que tudo isso. Ser Português é muito maior do que Lisboa, que sendo uma cidade fantástica ainda gosta de se espartilhar num provincianismo frustrante.
Por falar em identidade estéreo, lembro-me de António Variações, algures entre Nova Iorque e o Minho. Lembro-me também dos Humanos que o adaptaram de uma forma brilhante. Principalmente a justaposição (em baixo) do This Town Ain't Big Enough For Both Of Us dos The Sparks, com O Corpo é que Paga do António. Realmente, nenhuma cidade, nem Lisboa, é suficiente para os dois "eus" de quem vive na L(USA)andia: o bem chamado e o despartilhado. Claro que esta dualidade cultural também tem uma repercussão na dualidade mente-corpo, daí a justaposição dos Humanos ser não só brilhante musicalmente mas também na sua semiótica.
Em baixo também o original dos Sparks—grande banda!
Labels: bilinguism, culture, Music